Comunicação não verbal. O exemplo de Pep Guardiola

15-02-2019

Capacidade de comunicação. Importante?

Segundo Mesquita (2005), a eficácia da comunicação depende de três aspectos:

desenvolver a capacidade de saber ouvir os jogadores;
desenvolver a comunicação verbal;
desenvolver a comunicação não verbal.

Vários autores defendem que a comunicação não verbal é peça fundamental para o sucesso do treinador ao transmitir a mensagem que pretende (ideia de jogo) aos seus jogadores. Hall (citado por Thorne, 2005), afirma que 60% da comunicação é não verbal.

Comunicação não verbal. O que é?

Segundo Friske (1990), sempre que um indivíduo fala é possível observarmos nele constantes movimentos, gestos, denominados por comunicação não verbal. Para o autor Nick e Smallman (citado por Bainbridge, 2006), durante a comunicação os elementos que vão influenciar são, na sua maior parte, processados a um nível inconsciente, apontando especificamente para três elementos da comunicação não verbal:

Linguagem corporal (postura, gestos, expressão facial);
Contacto visual;
Tom de voz.

Tipos de Comunicação não verbal

Esta comunicação foi conceptualizada e estabeleceram-se os seguintes tipos de comunicação não verbal (Weinberg e Gould, 2007) :

Cinestesia - diz respeito à forma como comunicamos, através da aparência física, postura, gestos, toque e alterações nas expressões faciais e oculares (Martens, 1987).
Proxémica - refere-se o grau de proximidade que estabelecemos com alguém, a fim de transmitir a mensagem que pretendemos. Weinberg e Gould (2007) consideram que a proxémica refere-se ao estudo da forma como se usa o espaço entre duas ou mais pessoas e à posição dos corpos uns em relação aos outros, como forma de comunicação.
Paralinguística - refere-se a todas as componentes vocais do discurso (Martens, 1987). Weinberg e Gould (2007) referem as características da voz, nomeadamente em relação ao volume, à velocidade, ao tom, ao ritmo e à articulação.

O exemplo de Pep Guardiola

Associamos sempre Pep Guardiola à sua ideia de jogo, ao tiki-taka, ao jogo de posse, onde a bola é o mais importante. Hoje realço a sua enorme competência enquanto líder de um grupo! Impressionante a variabilidade (e qualidade!!!) de recursos que utiliza para atrair a atenção dos seus jogadores (foco, concentração, preparação para o jogo) para transmitir, depois, aquela que é a sua ideia de jogo.

A forma como se movimenta, como gesticula... a intensidade com que comunica (alterando tom de voz e ritmo do discurso), a expressividade que o acompanha em cada indicação dada, "prende" quem o está a ouvir. A forma como fixa o seu olhar no jogador (alterando o tom de voz quando o faz e atuando sobre o maior número de jogadores possíveis) permite focar o jogador naquilo que está a dizer, não o deixando "desligar"... desligar do jogo... desligar daquilo que pretende que o jogador faça no jogo. Porque todos têm de pensar de igual forma, porque se todos seguirem a receita o sucesso estará ali ao lado...